“Batismo de
Sangue” é um filme que relata a realidade brasileira durante o período da
ditadura militar, marcado por um governo de teor autoritário e repleto de
torturas e mortes. O longa apresenta os anos de maior rigidez desse regime,
resultado do “medo” provocado pela Revolução Cubana e do conseqüente esforço
do governo norte-americano para executar golpes de Estado.
O
Brasil, nessa época, era regido pela Doutrina da Segurança Nacional, segundo a
qual os verdadeiros inimigos da órbita capitalista podem vir a serem os próprios cidadãos. Além disso, a economia do
país se desenvolveu consideravelmente, alcançando a estabilidade e ficando
conhecida como “milagre brasileiro”.
A
atmosfera, para aqueles que conheciam de fato o que acontecia nos bastidores da
nossa ditadura, era de medo e terror diante do massacre cruel de militantes políticos,
entre eles estudantes, professores, jornalistas, musicistas e missionários da
Igreja Católica.
Aqueles
que não concordavam com o modelo político estabelecido eram apontados como
terroristas e sofriam com uma série de torturas, sendo que milhares destes estão
desaparecidos até hoje. Um dos grandes líderes do movimento de oposição ao
regime militar foi Carlos Marighella, morto em 1969 em uma emboscada dos
militares. O filme, por sua vez, nos mostra os momentos finais da vida de
Carlos e como estes se sucederam. Capturados pelos generais, Frei Fernando e
Frei Tito foram torturados e obrigados a entregar seu maior líder às mãos da
morte. Frei Fernando é forçado, então, a marcar um encontro com Marighella
através do código dos participantes da luta armada: “Aqui é o Ernesto. Vou à
gráfica hoje”. O final todos nós sabemos: Carlos Marighella é morto com
diversos tiros, sem qualquer tipo de chance de sair da armadilha com vida.
Entretanto, é importante lembrar que a luta armada dos opositores se fez
necessária. Guerrilheiros e militares puderam, a partir daí, lutar entre si “de
igual pra igual”.
A
censura, instituída pelo AI-5, é também um grande marco dessa época. Era normal
que pessoas comuns, como eu e você, não soubessem dos podres e
absurdos que rondavam o regime militar. A comissão da censura analisava
espetáculos e publicações: era divulgado apenas aquilo que fosse conveniente ao
governo. Além do mais, parte da população que apoiava a ditadura chegava até
mesmo a denunciar para o governo seus próprios vizinhos, contrários a tudo
isso.
Os
pontos que citamos acima foram amplamente abordados no filme, que apresenta
duras cenas de tortura e chocantes fatos verídicos. A ditadura teve seu fim em
1985 com a Lei da Anistia. Criminosos políticos foram perdoados e os militares
nunca foram condenados pelos milhares de atentados à vida que cometeram.
Fazemos
aqui uma observação de que o Brasil é o único país que vivenciou uma ditadura
militar e não condenou os verdadeiros vilões da situação: os militares. Se
estes saíram livres, milhares de inocentes pagaram com suas vidas. E sim, estes
que não foram devidamente punidos, ainda estão no atual governo brasileiro, com
projetos de legalização da maconha.
As ditaduras existem até hoje por
aí, e isso é importante frisar. Síria e Egito são exemplos de países que
vivenciavam até pouco tempo um regime militar. A Primavera Árabe, uma série de
revoluções populares, é similar aos movimentos guerrilheiros que ocorreram no
Brasil na época da ditadura: ambos queriam um governo democrático, livre de
censuras. Lá no Oriente Médio, o encontro dos revoltosos foi
marcado via internet. É como se um virasse pro outro e perguntasse “Vamos à
gráfica hoje?”.
IMAGENS:
<-
Rachel Clemens com 5 anos de idade, mineira, se recusa a cumprimentar o
presidente João Batista Figueiredo, no
dia 5 de setembro de 1979.
“Não
estava muito impressionada com o fato de que iria almoçar perto do presidente e
só depois, quando voltamos para o salão, que percebi o burburinho das pessoas
comentando minha indelicadeza, mas me lembro que meu pai não chegou a me
repreender. Daquele período eu ficava sabendo que muita gente tinha medo da
polícia, mas nem sabia o porquê”, conta Rachel Clemens.
Frei
Tito de Alencar Lima:
fileira de baixo, 2º da direita para a esquerda.
Frei
Fernando de Negreiros:
fileira de baixo, 1º da direita.
Frei
Oswaldo:
fileira de baixo, 3º da direita para a esquerda.
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